Fãs de carne e osso
Fãs fazem tatuagens para homenagear seus ídolos
Eles até copiam os desenhos que seus artistas preferidos têm pelo corpo
Foto por Edson Lopes Júnior
Erra quem diz que uma tatuagem só serve para enfeitar o corpo. Para os fãs, fazer desenhos que vão ficar marcados pelo resto da vida demonstra o amor pelo ídolo e mais: mostra a importância dele em suas vidas.
Foi com esse propósito que Reginaldo da Silva Eugênio, de 18 anos, tatuou há três anos o rosto e o autógrafo da cantora Pitty do lado direito do peito. Mesmo tendo feito isso com apenas 15 anos – com autorização dos pais, segundo o próprio, já que só assim os estúdios de tatuagem são autorizados a tatuar menores de idade – ele diz que não se arrepende.
- Quando ouvi a letra de Máscara, do CD Admirável Chip Novo [lançado em 2003], que dizia “tira a máscara que cobre o seu rosto”, decidi me assumir gay. Depois, em 2005, ouvi a música Anacrônico [que fala sobre mudanças de prioridades e de direção] e decidi seguir um curso profissionalizante de auxiliar administrativo que foi muito bom para mim. A Pitty me ajuda muito, por isso decidi fazer essa tatuagem para ela.
Eugênio conta que até hoje nenhum namorado reclamou de ver nele o rosto da cantora tatuado. Ele mostrou a tatuagem para Pitty durante o evento de lançamento de discos de vinil de vários artistas da Deckdisc, que além da cantora contou com Cachorro Grande, Nação Zumbi, Fernanda Takai, Mukeka di Rato e Dead Fish.
Também esteve lá a fã Geisy Andrade, que tem 31 anos e duas filhas. O que elas têm em comum? A paixão pela Pitty. Mas a mãe está num estágio mais avançado de fanatismo que as filhas: ela tem três tatuagens iguais às da cantora. Duas cerejas, uma acima de cada peito, e uma clave de sol no braço direito.
Geisy mora em São Paulo e é professora de pré-escola. Difícil mensurar qual a maior loucura que ela já fez por Pitty. A jovem mãe mantém uma rotina de doar sangue a cada 90 dias por um motivo que vai além de fazer uma boa ação: o objetivo final é, com a doação, conseguir um atestado para ficar um dia sem trabalhar e aproveitá-lo para correr atrás de Pitty. Foi assim que ela conseguiu ir ao evento em que a redação do R7 a encontrou.
- Adoro ficar parecida com ela. Fã é assim mesmo.
Geisy Andrade e Ricardo Lima têm tatuagens iguais às de Pitty (Fotos: AgNews)
“Você é doido, rapaz”, é o que ouve diariamente Ricardo de Oliveira Lima, de 20 anos, que também tem as duas cerejas tatuadas no peito.
- Eu amo a Pitty e faço tudo isso como uma homenagem a ela.
Já Francielle Splicigo, de 18 anos, escreveu o nome de Joe, baixista da banda de Pitty, na nuca.
- Para mim ele faz toda a diferença na banda. E é lindo. Por isso decidi ter o nome dele comigo.
Tentando entender
Motivo de tanta comoção entre os jovens fãs, Pitty conta que nunca sentiu vontade de, como eles, fazer uma tatuagem para um ídolo seu. Por isso mesmo confessa ter um pouco de dificuldade de entender as loucuras de seus seguidores.
- Eu tento ver isso tudo como homenagem mesmo, uma forma de me agradar, um carinho.
As homenagens não param por aí. Na plateia dos shows da cantora é possível reconhecer muitas características do visual dela, em muitos fãs. O lápis escuro nos olhos, o cabelo com mechas californianas que ela já usou, piercings e, é claro, as tatuagens.
Para sempre
Vale lembrar que todas essas demonstrações de carinho em forma de tatuagem são para sempre. Por isso é preciso pensar muito antes de fazer uma dessas. Muitas vezes – mas nem todas – é possível “remover” a tinta com um tipo de laser. Porém, nem sempre o resultado é o esperado: muitas vezes fica uma mancha no lugar do desenho, alertam especialistas.
Mas se você tomar a decisão de fazer uma tatuagem, lembre-se: procure um estúdio que seja indicado por algum conhecido, veja se os instrumentos que o tatuador usa são esterilizados e pense bem no desenho que você quer antes de faze-lo.